terça-feira, 21 de outubro de 2008

A estupidez humana

Eu não poderia deixar de comentar aqui o triste episódio ocorrido em Santo André que resultou na morte da adolescente Eloá. Assim como todos que acompanharam esse calvário que durou cerca de 100 horas , eu esperava um desfecho diferente para o caso. Também fiquei chocada com a morte prematura da adolescente. Chorei em frente a TV. Mas daí parar tudo para acompanhar o velório e o sepultamento de Eloá também não, né?

Acabei de ler no portal de notícia G1 que mais de 12 mil pessoas acompanharam o enterro hoje pela manhã. Daí eu me pergunto: esse pessoal não trabalha, não estuda, não tem casa, filhos para cuidar ou mesmo uma causa para lutar? Mais do que um gesto de solidariedade, isso é bisbilhotice. Deixem para a família a dura tarefa de enterrar os seus mortos. Esse momento deveria ser só da família da menina Eloá. A dor e o sofrimento dessa família já foi mais do que explorado pela mídia que nem fratura exposta.

Também li em vários jornais que especialistas apontam sucessivos erros da polícia na condução do episódio. Eu,que sou leiga no assunto, concordo. Erraram intencionalmente? Claro que não. Falta de preparo? Talvez.
Rodrigo Pimentel, ex-BOPE e co-autor do livro Elite da Tropa e roteirista do filme Tropa de Elite, afirmou em entrevista que se a polícia dispusesse de uma microcâmera, do tamanho do chip, não teria feito a opção pela invasão, porque ia perceber que a porta tinha obstáculos e os 14 segundos que a equipe policial perdeu na porta foi o tempo para acontecer a tragédia. Segundo Pimentel, um equipamento super necessário, baratíssimo que custa menos que uma viatura policial, mas que nenhuma unidade tática no Brasil dispõe. E lá se foi mais uma vida. Esse fato mostra claramente que a nossa polícia não está devidadamente preparada e equipada para situações como a que ocorreu em Santo André.

Agora eu pergunto: a culpa foi mesmo só da polícia? A verdade é que falta investimento em segurança pública e nós temos que cobrar isso de nossas autoridades. Caso contrário, continuaremos a ver multidões acompanhando velórios e sepultamentos todos os dias até o País parar de funcionar ou até nós nos acostumarmos de vez com essa violência e acharmos normal que vidas sejam ceifadas por "amor" e então celebraremos a estupidez humana. Sem perplexidade, sem comoção nacional.

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