sexta-feira, 13 de março de 2009

O "PRÍNCIPE" DE LÁ E O "PRÍNCIPE" DE CÁ! OU OS PSICOPATAS DO PODER!

Do ex-blog de Cesar Maia

1. Na coluna dominical do La Nacion, o jornalista/analista Mariano Grondona publicou um artigo (Um príncipe no meio da República) fazendo analogias de textos de Maquiavel e Nietzsche ao estilo autoritário e autossuficiente do ex-presidente da Argentina. Vale para lá e vale para cá. Contundente. Abaixo, trechos.

2. "Sua (Maquiavel) obra principal versa sobre as repúblicas, nas quais a ambição ilimitada termina contida nas instituições. Todos os políticos têm algo de maquiavélico, mas onde há instituições fortes, elas se encarregam de canalizar a paixão pelo poder em direção ao bem comum dos cidadãos. Maquiavel distinguia entre os "príncipes hereditários" e os "príncipes novos". Aqueles estavam moderados pela tradição. Mas estes, não tendo precedentes nem regras que os sujeitassem, a incompatibilidade com os princípios republicanos era absoluta.

3. Todo príncipe novo vive rodeado de uma corte de subordinados incondicionais. Seu poder é tão ilimitado como sua ambição. Mas deve existir certa coerência entre o sistema e seu protagonista. O anômalo entre nós, é que o príncipe novo que nos governa o faz em meio a uma república. Os que o seguem, o aplaudem cegamente. E os que não o seguem, ainda não lograram que se contenha nas limitações republicanas. O sistema que estamos vivendo é anômalo: mas a República, ainda que ferida, não está morta.

4. Talvez ninguém descreveu tão claramente o que chamava "a vontade de poder" como Friedrich Nietzsche. Para escapar do niilismo que o ameaça, ele imaginou que o homem moderno não tinha outra saída que aferrar-se, não a razão esgotada dos filósofos e dos teólogos, mas à sua última reserva vital: a sua vontade. Não simplesmente uma vontade individual, mas a vontade de poder dionisíaca, que deveria mostrar-se capaz de engendrar um homem novo, um super-homem. Deus, para Nietzsche, estava morto: só ficaria o super-homem.

5. Os políticos que ainda sonham com o poder ilimitado de um "príncipe novo", ainda sem sabê-lo, pretendem seguir a Nietzsche. Sua empresa provará ser finalmente utópica. Mas até que esta demonstração se concretize, devemos reconhecer que a energia que destilam é surpreendente. É abundante o testemunho de psicólogos e psiquiatras que destacam o caráter patológico desta desmedida pretensão. Nada parece conte-los até esse último momento em que terminam por asfixiar, inclusive aqueles que os seguiam cegamente. Não basta então, dizer que os psicopatas de poder estão condenados. Se a República não logra conte-los, sua resistência à inevitável deterioração será colossal.

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