sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Lula corintiano, maloqueiro e sofredor, graças a Deus!

No último dia 15, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) apresentou uma pesquisa do Instituto Sensus que mostra que Lula está muito bem na fita. Segundo a tal pesquisa, 80,3% dos brasileiros apóiam o presidente, cujo governo tem a aprovação de 71,1% da população.

Isso indica que a imagem pessoal do presidente Lula melhorou três pontos percentuais em relação a última pesquisa realizada em setembro.

Esses números realmente são de dar inveja a qualquer ex-presidente, pois Lula é um fenômeno de popularidade faz tempo, desde o seu primeiro mandato mesmo envolto a tantos escândalos.

Em 2005, escrevi um artigo intitulado “Lula corintiano, maloqueiro e sofredor, graças a Deus!” trantando da popularidade de Lula que naquele ano já atingia níveis estratosféricos, sendo que, naquela época, Lula tinha a aprovação apenas das classes menos favorecidas. Hoje, com os índices alcançados parece que a classe média também se rendeu ao carisma do presidente. Só nos restar saber até quando.

Leia o artigo:

LULA CORINTIANO, MALOQUEIRO E SOFREDOR, GRAÇAS A DEUS!

A cada pesquisa de opinião divulgada sobre o desempenho do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, vemos a popularidade do Presidente Lula aumentar atingindo níveis estratosféricos, ao mesmo tempo em que a aprovação do seu governo cai. Diante desse fato, não há como negar que se trata de um fenômeno, pois na história recente de nosso país não há registros de índices de popularidade tão altos de um presidente como os mantidos por Lula, principalmente após dois anos de governo, já que a tendência é ver a popularidade daqueles que estão no poder cair à medida que o tempo de seu mandato avança.

Sabemos, portanto, que estamos diante de um fenômeno, mas tal afirmação já virou truísmo. O que nos resta e se faz necessário nesse momento é tentar descobrir as causas e/ou razões para entendermos o que sustenta esses altos índices de popularidade pessoal do Presidente Lula, apesar de alguns fatos ocorridos que poderiam arranhar a sua imagem de bom moço conquistada graças ao que alguns de seus mais ferrenhos críticos chamam de populismo ordinário. Dentre esses fatos, podemos citar o episódio que envolveu o jornalista americano Larry Rohter que quase culminou na sua expulsão do país após matéria publicada no jornal The New York Times, onde o jornalista questionava o gosto do nosso presidente pela bebida; e também a proposta do fracassado projeto de criação do Conselho Nacional de Jornalismo considerado por muitos como um dos mais sérios ataques à liberdade de expressão no Brasil desde o regime militar. Este episódio causou enorme indignação nos profissionais de imprensa, sentimento que o presidente definiu como covardia ao se pronunciar aos repórteres que cobriam sua viagem ao Gabão: “Vocês são um bando de covardes mesmo, hein? Não tiveram coragem de defender o Conselho Federal de Jornalismo”. Aqui, abrimos um parêntese para ressaltar que muitos acreditam que esse tipo de comportamento não compagina com a compostura que as funções públicas requerem na vida republicana, mas isso não parece ter muita importância para maior parte da população.

Apesar desses e outros fatos em que a imprensa, considerada o quarto poder, colocou-se contra a figura do presidente, Lula continua em alta junto a grande massa da população brasileira que se manteve alheia aos vários ensaios de “crise política” no país provocados pelos discursos improvisados e cheios de metáforas do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que privilegia a comunicação cultivada em assembléias de trabalhadores e porta de fábrica, muitas vezes em detrimento da seriedade, profundidade e fidedignidade que eventos e ritos do cargo exigem, mas que o aproximam mais do povão que entende aquilo que o presidente fala e que o leva a uma identificação quase que natural com a figura do ex-líder sindical que chegou à Presidência da República.

A utilização de metáforas e o improviso tão peculiares nos discursos de Lula e considerados pelos intelectuais como desvarios retóricos, são características de um tipo de oratória dirigida às grandes massas. Ao chegar à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva continuou a utilizar a mesma técnica utilizada nos tempos de liderança sindical, e que lhe é inata, para se comunicar com a grande massa brasileira. E ao analisar os resultados das pesquisas de opinião, verificamos que a técnica cultivada por Lula nas portas das fábricas e assembléias de sindicatos vem dando certo.

Outra questão primordial para a popularidade de Lula é o carisma. Sem dúvida que a sua forma de se comunicar o aproxima do povo, mas é inegável que o carisma do Presidente Lula é algo fantástico e incomum.

Além do carisma e do fascínio que a figura do Presidente Lula exerce sobre grande parte do povo brasileiro, ainda podemos presenciar Lula nas mais diversas situações, desde uma pelada na Granja do Torto à sua participação descontraída na Oktoberfest com uma caneca de chope na mão, o que o aproximam ainda mais da realidade vivida por muitos brasileiros, mas consideradas por muitos inaceitáveis quando se trata da mais alta autoridade do país e inimagináveis nos tempos de FHC, mas onde Lula parece sentir-se mais à vontade. O cargo de Presidente da República exige alguns ritos e protocolos que Lula não hesita em quebrar. E pelo que tudo indica “o povão” aprova o estilo insólito de Lula.

A ascensão do ex-líder sindical ao ápice da pirâmide social ou do poder, representado pelo cargo de Presidência da República também contribui para a grande empatia que parte população do Brasil têm com Lula. Depois de perder três eleições consecutivas, Lula finalmente foi eleito presidente. Talvez ninguém no Brasil represente melhor o slogan “Sou Brasileiro e Não Desisto Nunca”, principalmente se considerarmos toda a sua trajetória de vida. Lula representa para ao povo brasileiro a real possibilidade de ascensão, apesar de todas as adversidades comuns à maioria dos brasileiros, como o desemprego que ainda é a maior preocupação da população.

Pelo que tudo indica, especialmente os resultados da última pesquisa de opinião, o estilo Lula de ser Presidente vem agradando a grande parte do eleitorado que deverá lhe reeleger em 2006, salvo algum acontecimento que possa descambar uma crise política e mudar os rumos da nossa política. É verdade que o estilo Lula não é unanimidade principalmente entre os intelectuais, a quem os discursos e a quebra de ritos e protocolos próprios do cargo de Presidente desagradam bastante. Mas o próprio Lula sabe que não é uma unanimidade, pois usando mais uma de suas frases de efeito ele mesmo diz “...não somos tão ruins quantos nossos adversários apregoam, nem tão bons quanto pensamos que somos”.

Apesar disso, Lula também sabe que o fato de não agradar gregos e troianos não é algo tão desesperador “quanto à situação do Corinthians no Campeonato Brasileiro do ano-passado”, só pra usar mais uma de suas metáforas futebolísticas, sua marca registrada durante seus discursos para a grande massa. Pelo visto, Luiz Inácio Lula da Silva não nega as origens de líder sindical, nem mesmo na hora de discursar para às massas,nem mesmo na hora de pedir uma bebida ou revelar seu time de futebol, a grande paixão nacional. Lula é torcedor do Corinthians. O nosso Presidente é corintiano, (ex) maloqueiro e sofredor!





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