quarta-feira, 3 de junho de 2009

Seguindo os passos de Obama na rede


Alguns parlamentares avisam que tecnologia só se for "sinal de fumaça" ou "toque de tambor". Outros, antenados em Barack Obama, investem na internet para dialogar com a sociedade. O Congresso Nacional agora mira o twitter. Políticos pulam do site pessoal diretamente para esta plataforma de mensagens breves, sem passar sequer pelo blog.

Vide o senador Inácio Arruda (PC do B-CE), cujo site está em reformulação para acomodar o twitter. Seu blog tende ao abandono.

No Senado, dos 81 gabinetes, 10 já aderiram ao twitter e aos seus recados de no máximo 140 caracteres, informa o diretor-adjunto do Prodasen (Secretaria Especial de Informática do Senado), Deomar Rosado. Na Câmara, a maioria dos 513 deputados federais possui sites pessoais, segundo o diretor de comunicação, Sergio Chacom.

Quanto ao twitter, eles correm atrás.

Da bancada do PSDB, em torno de 15% dos 58 deputados já têm twitter. No PDT, 3 dos 25; no PC do B, dos 12 comunistas, 2 aderiram; 5 dos 56 democratas o utilizam; e na bancada do PDT, 3 dos 25 deputados. Já no PMN, nenhum. Só o líder Uldorico Pinto (PMN-BA) se aproximou da internet e construiu um site. Sempre de acordo com as assessorias de imprensa das lideranças de cada partido.

Efeito Obama

O grande inspirador da invasão ao Twitter é o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Na última campanha presidencial, o democrata investiu cerca de 47 milhões de dólares na internet, registra Sérgio Chacom, o que em parte explica os 5 milhões de pageviews únicos obtidos em somente um vídeo postado no site oficial da campanha.

"Obama revolucionou a internet na campanha. Ele lançou o candidato à vice-presidência pelo Twitter. Tinha 150 mil pessoas acompanhando, hora a hora. Teve 92 milhões de acessos em seu portal", admira-se o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), em entrevista a Terra Magazine.


"Obama mostra uma mudança de atitude na democracia", afirma Mercadante. O petista acaba de lançar nova plataforma na internet. Um portal que acomoda blog, Twitter, Orkut, Ning, Slide Share, Flickr, RSS, televisão e rádio. "Com isso, a gente agiliza a troca de informações, melhora a qualidade do mandato e cria uma relação interativa que é muito importante para a democracia", justifica.

"Estou lendo 'Leite Derramado'. Uma análise crítica da história da elite brasileira, bem ao estilo do grande poeta Chico Buarque", postou o líder petista no Senado.

No Brasil, as campanhas políticas de 2010 prometem uma corrida online. Pré-candidato à Presidência, o governador paulista José Serra (PSDB-SP) já possui twitter. Seu colega mineiro, Aécio Neves (PSDB), está preparando o seu "login". Da Bahia, o governador Jacques Wagner (PT-BA) foi um dos primeiros a se comprometer com os 140 toques, várias vezes ao dia.

Em abril, a presidência da República anunciou a criação de um blog. A ver.

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) liga da sessão plenária para um assessor e avisa que uma medida provisória foi aprovada. "Faça um post no twitter", pede. "Se a pessoa quer se demorar no tema, ela pode", elogia o deputado, líder do Democratas na Câmara. Ele tem seu portal na web, e um blog. "Mas o twitter é mais ágil", compara. "O retorno do eleitor é muito grande, especialmente universitários", relata Caiado.


Acompanha twitters ou blogs de colegas políticos?

Não, diz Caiado. Tampouco o faz o senador petista Delcídio Amaral (MS). Ambos, governo e oposição, confiam nos jornalistas.

Delcídio é entusiasta das ferramentas online. "Eu me divirto!", exclama o senador, pronto a explicar por quê. Porque é "aberto, menos formal", garante. No Twitter, ele se alegra em poder falar de arte, de cultura, de música, dos problemas de George Harrison com os outros Beatles. Alegria maior ao promover debates entre os seguidores.


Os seguidores do Twitter de Delcídio se multiplicaram rapidamente após a viagem de inauguração do Trem do Pantanal. Colado no presidente Lula, no vagão reservado à cúpula do governo, Delcídio fez as vezes de repórter e twitou de seu celular, a cada parada, notícias exclusivas da viagem.

"O meu twitter acabou se tornando fonte pra própria imprensa aqui em Campo Grande (MS). Você posta uma mensagem, a mídia vê, começa a pesquisar e vira matéria", proclama o senador.

Delcídio Amaral alerta, apesar do entusiasmo, para o mau uso da ferramenta. Sem maiores dificuldades, o político pode fazer do twitter uma obrigação vazia de se atualizar e "deixar para a assessoria todo o trabalho", teme.

Terra Magazine

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